02/04/2025
Por Rafael Cervone*

A intelig�ncia artificial n�o � mais um conceito futurista ou uma promessa distante. Ela j� est� muito presente entre n�s, transformando setores, otimizando processos e redefinindo a maneira como vivemos e trabalhamos. Diante desse cen�rio, o Centro das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (CIESP) tem se posicionado como agente ativo na promo��o e implementa��o dessa tecnologia nas empresas do setor.

Cabe considerar que a IA, mais do que uma ferramenta, vai se tornando um fator relevante para a competitividade. Da� o empenho da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (FIESP), com o apoio de nossa entidade, no sentido de facilitar e estimular o acesso �s mais modernas plataformas. Um exemplo dessa iniciativa � a primeira edi��o da Jornada de Intelig�ncia Artificial, criada exclusivamente para pequenas e m�dias ind�strias. Trata-se de um programa de acelera��o projetado para transformar a forma como elas operam.

Desde a coleta e an�lise de dados at� a aplica��o pr�tica em processos industriais, o projeto foi concebido para aumentar a efici�ncia e a competitividade dos neg�cios. Para liderar essa jornada inicial, em mar�o, o CIESP contou com Alexandre Nascimento, especialista com experi�ncia no Vale do Sil�cio e forma��o em institui��es renomadas como MIT, Harvard e Stanford. Sua aula exclusiva demonstrou que a IA est� ao alcance de todos e n�o apenas das grandes companhias.

Outra iniciativa relevante foi o curso Chat GPT e Intelig�ncia Artificial na Pr�tica, realizado em fevereiro pela Diretoria Regional de S�o Carlos. Ministrado pelo especialista Matheus Viana Machado, o treinamento mostrou como a IA pode ser incorporada no dia a dia das empresas. Essas a��es do CIESP fazem parte de um esfor�o mais amplo para disseminar o acesso � ferramenta, impulsionando a produtividade, preparando as empresas para o advento da Ind�stria 4.0 e orientando as pessoas sobre um mercado de trabalho em r�pida transforma��o.

O crescimento exponencial da IA tamb�m implica desafios, principalmente na forma��o de m�o de obra capacitada. O Estado de S�o Paulo enfrenta um d�ficit estimado de 400 mil profissionais de TI, conforme observo em palestras que tenho proferido sobre �Macrotend�ncias Mundiais at� 2040�. Ali�s, abordei esse tema no �mbito da Organiza��o Internacional do Trabalho (OIT). O SENAI-SP est� capacitando quase 300 mil profissionais em dois anos. O problema n�o se deve apenas � car�ncia na forma��o na �rea, mas tamb�m ao aumento da procura por esses talentos no mercado internacional. Empresas estrangeiras, como as dos Estados Unidos, Canad�, Europa e Austr�lia, est�o contratando profissionais brasileiros para servi�os remotos, aproveitando sua alta qualifica��o.

Essa concorr�ncia global, que dever� ser cada vez mais acentuada, refor�a a urg�ncia de investimentos em capacita��o e reten��o de talentos no Brasil. O CIESP, ao lado da FIESP, tem trabalhado para atenuar essa escassez, por meio de parcerias com universidades, programas como os que mencionei aqui e incentivos � forma��o profissional. Cabe destacar, ainda, os cursos de excel�ncia do Senai-SP. Entretanto, s�o necess�rios, do mesmo modo, esfor�os para melhorar a qualidade da Educa��o B�sica no Brasil. O ensino p�blico de qualidade desde a inf�ncia � essencial para garantir que nosso pa�s acompanhe a revolu��o tecnol�gica e do trabalho e tenha protagonismo no novo cen�rio global.

A demanda crescente por profissionais qualificados refor�a a certeza de que, mesmo com o fomento acelerado da IA, o conhecimento e as virtudes humanas continuam sendo insubstitu�veis. Nesse contexto de ambientes altamente automatizados, as soft skills s�o um contraponto e est�o se tornando um diferencial imprescind�vel. Habilidades como resili�ncia, pensamento cr�tico, empatia e capacidade de gest�o de crises s�o cada vez mais valorizadas. Enquanto as m�quinas otimizam processos, as pessoas proveem inova��o, pensamento cr�tico, criatividade e lideran�a.

De fato, a IA � uma ferramenta poderosa, mas seu impacto depender� de como iremos utiliz�-la. Vislumbro, com senso de realismo e an�lise racional diante do complexo cen�rio geopol�tico do mundo, um futuro n�o muito distante no qual sua ado��o seja um fator democratizado de efici�ncia, produtividade, sucesso dos neg�cios e bem-estar da popula��o. Nesse sentido, governos, lideran�as pol�ticas e comunit�rias, formadores de opini�o, entidades de classe e toda a sociedade precisam garantir que a ferramenta seja usada para o bem da humanidade e o avan�o da civiliza��o.

*Rafael Cervone � o presidente do Centro das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (FIESP).