Notícias > Os 30 anos da moeda que mudou a Histria do Brasil Os 30 anos da moeda que mudou a Histria do Brasil
02/07/2024
Rafael Cervone*


No dia 1 de julho foi comemorado os 30 anos de um dos mais importantes episdios da Histria do Brasil: o lanamento do Real, expresso monetria do plano que extirpou a hiperinflao, institudo em 27 de fevereiro de 1994, com a publicao da Medida Provisria 434. Era o Governo Itamar Franco, tendo Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, posteriormente eleito presidente da Repblica.

A MP criou a Unidade Real de Valor (URV), estabeleceu regras de converso, iniciou a desindexao dos preos e determinou o nome, padro e equivalncia financeira da nova moeda. Sem dvida, foi a mais ampla estratgia econmica realizada no Brasil. Seu xito baseou-se em diversos instrumentos para a reduo da inflao. A idealizao do projeto, a elaborao das providncias de governo e a execuo das reformas monetrias contaram com a contribuio de vrios economistas, como Rubens Ricupero, Pedro Malan, Prsio Arida, Andr Lara Resende, Edmar Bacha, Winston Fritsch e Gustavo Franco.

Em 1 de julho de 1994, ocorreu a concretizao do programa, com o incio da circulao da moeda. Toda a base monetria brasileira foi trocada de acordo com a paridade legalmente estabelecida: 2.750 cruzeiros para cada Real. A inflao acumulada at junho alcanou 815,60%. Em 1993, atingiria absurdos 2.477,15%. Foi caindo paulatinamente e oscilando em patamares baixos, ficando em 5,97% em 2000, ltimo ano do Sculo 20.

O Real havia sido a stima moeda a circular num perodo de duas dcadas, no qual vrios pacotes equivocados minaram nossa economia, afetando seu desempenho e sua credibilidade internacional. Esperamos que seja nosso padro monetrio definitivo. Para isso, porm, preciso manter os fundamentos basilares para o controle da inflao, a comear pelo equilbrio fiscal. Por isso, defendemos a realizao da reforma administrativa, de modo que tenhamos um Estado menos oneroso e inchado e mais produtivo e capaz de prestar servios eficazes sociedade nas reas da sade, educao, segurana pblica, habitao, saneamento bsico e infraestrutura.

Tambm imprescindvel o fomento da indstria de transformao, de maneira que a produo nacional atenda o mercado, evitando-se a chamada inflao de demanda, que ocorre quando a oferta de produtos menor do que a procura. Infelizmente, o setor tem sido muito prejudicado nas ltimas quatro dcadas. Sua participao no PIB caiu de aproximadamente 20% para cerca de 11%, enquanto recolhe desproporcionais 30% do total de impostos no Pas.

A manufatura continua sofrendo com o fogo amigo do setor pblico, como a tentativa do governo, com a Medida Provisria 1.227/2024, de proibir a compensao dos crditos de PIS e Cofins, representando bilhes em prejuzos para as empresas. Felizmente, essa investida foi barrada pelo Senado. A concorrncia desleal outro obstculo, como se observa na desigualdade tributria entre as empresas brasileiras e as plataformas internacionais de e-commerce, que estavam isentas, desde agosto de 2023, dos impostos para remessas de at US$ 50. Agora, mesmo com a aprovao de alquota de 20% pelo Congresso Nacional, a diferena continua grande, pois a indstria e o varejo nacionais arcam com uma taxao total que chega a 90%. Alm de tudo, as encomendas acima dos US$ 50 tambm obtiveram melhor tratamento tributrio do que os produtos nacionais.

O setor produtivo tambm foi apenado com a tributao das subvenes para investimento e custeio (incentivos de ICMS Lei 14.789/2023), que acarreta perdas estimadas em R$ 25,9 bilhes. Como se no bastasse, instituiu-se a limitao temporal ao aproveitamento de crditos tributrios federais decorrentes de deciso judicial (Lei 14.873/2024), com perdas estimadas em R$ 24 bilhes.

Esses exemplos recentes evidenciam as barreiras para se produzir em nosso Pas, que incluem excesso de impostos, ciclos duradouros de juros altos, insegurana jurdica, dificuldade de acesso ao crdito e competio desigual com empresas de outras naes, subsidiadas pelos seus governos (e, s vezes, at pelo nosso, com medidas como a iseno concedida s plataformas internacionais). Tudo isso constitui o chamado Custo Brasil, que representa nus adicionais de R$ 1,7 trilho por ano para operar aqui em relao mdia da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE).

Apesar de todos os obstculos, a indstria e os setores produtivos tm honrado os 30 anos do Plano Real, com muito trabalho, resistncia e capacidade de superao. Que a comemorao das trs dcadas do programa e da moeda que mudaram a Histria do Brasil inspire os governantes, polticos e autoridades a trabalharem na direo certa para colocar nosso pas numa irreversvel trilha de crescimento econmico, incluso social e desenvolvimento.

*Rafael Cervone o presidente do Centro das Indstrias do Estado de So Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (FIESP).

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